Cidadania e Futebol: O que é o que é meu irmão?

           Defini-se como cidadania o conjunto de direitos e deveres ao qual um indivíduo está sujeito em relação à sociedade em que vive. O significado de cidadania está relacionado à noção de direitos, principalmente os políticos que permitem ao indivíduo intervir nos rumos do Estado através da participação direta ou indireta na consolidação do governo e sua administração.

O exercício da cidadania caracteriza o estado que tem por base a democracia que pela sua própria acepção coloca o Direito ao lado de Deveres. Nesse sentido e em outras palavras, a democracia concretiza-se em uma coletividade de direitos de um indivíduo garantidos a partir dos deveres dos demais.

A isso se relaciona uma série de valores éticos e morais entendidos como códigos que sustentam o regime democrático. Exercício da cidadania também é toda e qualquer postura assumida em todas as práticas desenvolvidas em coletividade.

Assim…

Ser cidadão é respeitar e participar das decisões da sociedade para melhores condições de vida de todos. Ser cidadão é nunca se esquecer das pessoas que mais necessitam. A cidadania deve ser divulgada através de instituições de ensino e meios de comunicação para o bem estar e desenvolvimento da nação.

Cidadania consiste deste o gesto de não jogar papel na rua, não pichar os muros, respeitar os sinais e placas, respeitar as pessoas, não destruir telefones públicos, saber dizer obrigado, por favor e bom dia quando necessário.

A história da cidadania confunde-se em muito com a história das lutas pelos direitos humanos.

É um referencial da conquista da humanidade que está em permanente construção por aqueles que lutam pelos seus direitos, maior liberdade, melhores garantias individuais e coletivas.

Ser cidadão é ter consciência de que se é sujeito com direitos e deveres. Sujeito com direitos à vida, liberdade, propriedade, igualdade. Sujeito com deveres civis,  políticos e sociais.

Para ser um cidadão ativo é preciso estar informado sobre acontecimentos e todas as coisas públicas.

 

Cidadania e grenal: Pra frente Brasil, salve a seleção

O futebol é o desporto coletivo mais praticado no mundo e por ser uma atividade grupal e também social possui regras que definem direitos e deveres que se ajustam aos pressupostos de exercício da cidadania.

É tão fantástico este jogo, que qualquer um pode praticá-lo desde o “baixinho”     (Romário) o “gordinho” (Maradona), pelo “alto” (Beckembauer), pelo “torto” (Garrincha), pelo “perfeito” (Pelé), pelo “magrelo” (Sócrates), pelo “perfeito”  (Didi), enfim por qualquer biótipo, por qualquer classe social, por qualquer etnia, provando e comprovando ser um esporte extremamente democrático.

O futebol, oriundo da Inglaterra, chega ao Brasil de forma elitista e racista. Proibido aos negros, mestiços , brancos pobres , teve uma resistência enorme das classes dominantes, porém teve que curvar-se a insistência da grande maioria menos favorecida, tornando-se o esporte –rei e mais que isso, pela habilidade e magia de nossos atletas, um estilo de arte. Passes, dribles, fintas a malemolência a ginga, coisas buscadas nas danças, na própria capoeira, cultura nossa, nos diferenciaram dos demais atletas do mundo inteiro.   Mário de Andrade, em crônicas de 1939: “Eu é que já estava longe, me refugiando na arte. Que coisa lindíssima, que bailado mirífico um jogo de futebol!…Era Minerva dando palmadas num Dionísio adolescente e já completamente embriagado…Havia umas rasteiras sutis, uns jeitos sambalísticos de enganar, tantas esperanças davam aqueles volteios rapidíssimos…”

O futebol , mais do que prática esportiva, é uma oportunidade prática de se exercitar a cidadania.

O futebol é para os brasileiros, um misto de necessidades imediatas e práticas de luta e obtenção de resultados e objetivos e ao mesmo tempo a expressão de alegria  e da arte popular, expressando  uma  sintonia entre o individual e o coletivo, dentro e fora dos gramados.

Como modalidade desportiva mais popular do mundo, o futebol cria espaços públicos permissíveis a experiências comunitárias sensacionais. A cultura da massa brasileira comprova que nenhuma outra manifestação tem paralelo com o futebol.

Como na política, o futebol possui uma série de regras.

É disputado num campo retangular por duas equipes, de onze jogadores cada lado, que têm como objetivo colocar a bola dentro das balizas adversárias, o que é chamado de gol (Brasil) ou golo (Portugal) – ambos os termos derivam da palavra inglesa “goal”. Não é permitido o uso das mãos, excepto pelos guarda-redes e nas cobranças dos lançamentos laterais, (onde o jogador deve lançar a bola para dentro do campo com as duas mãos).

Grenal é, no futebol brasileiro, o confronto entre Grêmio Foot-Ball Porto Alegrense e Sport Club Internacional, dois clubes de Porto Alegre.

O Grenal é considerado, proporcionalmente, o maior clássico regional do Brasil, por dividir ao meio praticamente todo o Estado do Rio Grande do Sul. Em outros estados, o número de grandes clubes chega, às vezes, até a quatro. Já no Rio Grande do Sul, apenas recentemente o Juventude vem surgindo como outra grande força no futebol estadual.

Na relação entre grenal e cidadania destaca-se, entre outras coisas, a noção de clube.

Os clubes reúnem pessoas e na maioria das vezes são fundados por grupos de amigos e pessoas com interesses comuns que exaltam em coletividade aspirações, idéias, desejos e vontades.

O futebol perpetua-se como prática esportiva também em conseqüência do estabelecimento dos clubes, da associação entre pessoas e talvez por isso, o Grenal não tem haver só com futebol, mas também com a paixão, com o sentimento de pertencimento da cidade e necessidade de sociabilizar uns com os outros nem que seja competindo, torcendo.

O Grenal só faz sentido se visto ao lado de seus torcedores.

Na visão do historiador Nicolau Sevcenko: “o torcedor não é um espectador passivo; ele incorpora os lances da disputa na sua própria estrutura física e vai reproduzindo em seu corpo, na vibração de seus sentidos, nas crispações de seus músculos e nervos, cada uma das tensões e reflexos desdobrados no embate, como se ele mesmo estivesse na arena”.

E está! É por meio do investimento de seu corpo que o torcedor completa a “cena”, integra o espetáculo. Ele põe o corpo em ação, ou melhor, em reação ao que acontece no campo. E expressa felicidade, encantamento, sofrimento, desilusão. É o torcedor que promove, divulga e amplifica esta constelação afetiva tão cara ao espetáculo. Podemos dizer, portanto, que assistir a uma partida, ação própria do torcedor, contém, tal como a ambiguidade de sentido da palavra, duas ações fundamentais: ver/acompanhar a partida e “auxiliar” a partida.

O futebol determina, assim, formas de participação, cooperação, auto-estima, iniciativa, disciplina pessoal e estabelece direitos e deveres a serem cumpridos por todos seus participantes, inclusive seus torcedores.

O Grenal é tudo isso e mais um pouco.

O Grenal, o futebol, se constrói pelo reconhecimento e respeito às regras, normas, as diferenças individuais, pelo combate aos preconceitos, às discriminações (econômica, política, sexual, cultural etc.), pela participação do processo grupal, pela ampliação da consciência em relação aos direitos e deveres e pela confiança no potencial de transformação de cada um.

Por fim, torcedor de Grenal sabe muito bem que tem que torcer de verdade e e tem que fazer força junto com toda arquibancada para colocar seu time pra frente e cidadão em grenal é aquele que participa, socializa, convive.

Conclusão: Glória do desporto nacional Oh, Internacional Que eu vivo a exaltar, ou, Até pé nós iremos Para o que der e vier Mas o certo é que nós estaremos com o grêmio onde o grêmio estiver?

Participar do grenal é exercer cidadania, pensar em si e nos outros juntos de nós mesmos, cumprindo, para a vitória, o dever de todo torcedor que é torcer e o direito que é poder torcer junto.

Cidadania também é isso e grenal tudo isso e mais um pouco e só quem participa sabe o valor que tem: viver junto e conviver também .

 

Trabalho desenvolvido por alunos do PROJOVEM sob orientação da professora Anna Clara Claumann Boose. – novembro de 2008.